segunda-feira, 1 de outubro de 2012

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Ela sabia que logo ele acordaria, portanto resolveu ser breve. Breve e intensa, naquele mudo
e fixo estudo dele.Teve vontade de entrar-lhe pele adentro, começando pelo cavalo negro que lhe
cobria o braço direito,como se fosse uma espécie de fina brecha, uma fissura que lhe permitiria
correr pelas veia dele, misturando-se ao sangue, invadindo orgãos , deixando o perfume que ele
tanto gostava em suas entranhas.Não sendo ainda possível, deteve-se nos olhos dele, fechados.
Não os via assim, porém.Via-os sempre abertos, sempre buscando os dela, sempre acertando o alvo,
fazendo-a sentir-se derreter, primeiros as pernas, as coxas,o sexo, o ventre, busto, até que não
fosse nada mais que uma poça de tesão ao redor.Esperava que ele se afogasse ali, bebesse, e retornasse
mais tarde, sedento novamente, até que a secasse inteira.A boca entreaberta lhe prometia a língua.Tanto
entre as suas pernas, quanto lhe fazendo juras, era eloquente.Não precisava ser rápida, embora pudesse,e
lhe abria os lábios,todos eles, e o coração com a mesma capacidade.Sentindo que ficaria perdida entre lábios
e poças, seguiu para o largo peito dele, que continha um coração.Era imenso,e como toda imensidão não
conseguia se banhar de luz dos dois lados ao mesmo tempo.Amava o iluminado e amava o que permanecia nas
sombras, o que os outros evitavam por medo supersticioso.Ela andava por ali também, naquelas sombras e
veredas entre costelas....

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